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27/05/2015

Elas podem matar

Ativistas denunciam uso indiscriminado e excessivo de armas menos letais contra civis

Ativistas denunciam uso indiscriminado e excessivo de armas menos letais contra civis Ativistas denunciam uso indiscriminado e excessivo de armas menos letais contra civis

Armas menos letais como o gás lacrimogêneo e a bala de borracha podem ser tão perigosas quanto qualquer outro armamento quando usadas em excesso e de maneira indiscriminada, concluíram defensores e especialistas em painel realizado na terça-feira (26/5) no XIV Colóquio Internacional de Direitos Humanos. Rohini Haar, do Physicians for Human Rights, Maryam al-Khawaja, do Gulf Center for Human Rights, e Hanui Choi, da Anistia Internacional, apresentaram dados e imagens que comprovam os graves efeitos desses equipamentos na saúde.

Segundo Rohini Haar, a letalidade depende, sobretudo, da maneira como as armas são empregadas. “Se são dirigidas aos membros superiores, por exemplo, há muito mais chances de que os ferimentos sejam severos”, explicou. Haar baseou sua fala em estudo inédito da Physicians for Human Rights sobre o emprego de armas menos letais em 12 países – entre eles, o Brasil. Em um universo de 3 mil casos envolvendo o impacto de projéteis como a bala de borracha, quase 40% apresentaram ferimentos severos.

“Quais são os efeitos a longo prazo dessas armas na saúde? Ainda não sabemos, mas é algo que poderemos observar nas próximas décadas”, lamentou Maryam al-Khawaja. Ela apresentou fotos e vídeos que demonstram como a repressão no Bahrein vem ocorrendo de forma coletiva, atingindo também a população que não está envolvida nos protestos. “As demonstrações contra o regime militar começaram em 2011 e, desde então, já tivemos diversas mortes”, destacou. “O volume de gás lacrimogêneo usado pelo governo contra a população nesses último quatro anos não tem precedentes.”

O arsenal utilizado no Bahrein vem, em grande parte, da Coreia do Sul, da África do Sul e do Brasil – três grandes produtores de armamento menos letal. Em sua fala,  Hanui Choi mostrou como foi possível, no caso da Coreia, forçar o governo a interromper a exportação anual de 1,7 milhões de bombas de gás lacrimogêneo ao governo barenita. Segundo Choi, a solidariedade internacional e o engajamento da população foram fundamentais para o sucesso da campanha, apelidada de #StopTheShipment.


Esse texto foi produzido por Agnes Sofia Guimarães e faz parte da cobertura colaborativa do XIV Colóquio. 

 

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