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01/10/2012

Conselho de Direitos Humanos da ONU renova mandato de sua Comissão de Inquérito para Síria

Conselho de Segurança precisa por fim ao impasse e Brasil deve trabalhar pela adoção de medidas quem cessem a violência

Conselho de Segurança precisa por fim ao impasse e Brasil deve trabalhar pela adoção de medidas quem cessem a violência Conselho de Segurança precisa por fim ao impasse e Brasil deve trabalhar pela adoção de medidas quem cessem a violência

O Conselho de Direitos Humanos (CDH) da ONU aprovou na última sexta-feira (28/09), por ampla maioria – 41 votos a favor, 3 contra (China, Cuba e Rússia) e 3 abstenções (Filipinas, Índia e Uganda), – mais uma resolução sobre a crise síria. O Brasil não votou, pois atualmente não compõe o quadro de países membros do CDH.

Esta é a oitava resolução aprovada pelo órgão sediado em Genebra, Suíça, sobre a questão. O documento  renova o mandato Comissão de Inquérito Independente para a Síria até março de 2013, enuncia a responsabilidade do governo sírio de proteger sua população, reafirma a necessidade do governo sírio permitir acesso humanitário ao país e em seu preâmbulo cita o pedido da Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos de que o caso seja encaminhado ao Tribunal Penal Internacional (TPI).

Vale lembrar que o CDH vem reiteradamente condenando as violações e acionando diferentes mecanismos para monitorar e documentar os abusos no país árabe. No entanto, é de grande preocupação que o Conselho de Segurança (CS) esteja paralisado. “É ultrajante que após mais de um ano e meio do início da violência na Síria, que resultou na morte de mais de 18 mil pessoas e em quase 300 mil refugiados, medidas multilaterais previstas na carta da ONU, que dependem de aprovação do CS, como embargo da venda de armas, sanções específicas voltadas a membros da cúpula do governo sírio e encaminhamento do caso ao TPI ainda não tenham sido aprovadas”, disse Camila Asano, coordenadora de Política Externa da Conectas.

O governo brasileiro vem se pronunciando sobre a questão em diferentes oportunidades. Por um lado, é reforçada a posição de que, para o Brasil, “não há solução militar para a crise síria”, como dito pela presidente Dilma Rousseff em seu discurso de abertura  da 67ª Assembleia Geral da ONU em Nova Iorque, EUA, em 25/09.

Por outro, a mesma clareza não é observada quando se trata da posição do Brasil sobre quais alternativas caberiam à comunidade internacional além do uso da força. Em entrevista  publicada em 16/09 no jornal O Estado de São Paulo, ao ser questionado se o Brasil apoiaria uma resolução do CS com base no Capítulo 7 da Carta da ONU, que contempla o uso de medidas coercitivas como sanções, o envio do caso ao TPI e eventualmente o uso da força, o Ministro disse que  o Brasil “é favorável a estratégias que fortaleçam o multilateralismo. Então, se o CS deliberar, chegar a um consenso e levar adiante uma resolução, inclusive com referência ao Capítulo 7, que permita desenvolver uma estratégia desse tipo, não seremos contra”.

Uma vez que, para o governo, o uso da força não solucionaria a crise síria, resta ao Brasil esclarecer de forma objetiva quais opções previstas sob o Capítulo 7 poderiam ser aplicadas. “É preciso que nas próximas manifestações e ações na ONU, o governo brasileiro promova de maneira clara e propositiva sua posição frente a temas como envio do caso ao TPI e outras medidas previstas pela Carta da ONU”, diz Juana Kweitel, Diretora de Programas da Conectas.

Discussão sobre Síria no Conselho de Direitos Humanos 
A 21ª sessão do CDH dedicou um dia ao debate sobre a crise na Síria (17/09). Nesta ocasição, a Comissão de Inquérito Independente da ONU para a Síria, liderada pelo brasileiro Paulo Sergio Pinheiro, apresentou novo relatório confirmando existência de indícios de crimes contra a humanidade e crimes de guerra foram cometidos por autoridades sírias. Ademais, como no seu relatório anterior, a Comissão destacou que também há indícios de abusos, como execuções sumárias e tortura, cometidos por grupos oposicionistas armados.
Neste debate, o governo brasileiro proferiu discurso  em que condenou a violência contra civis; reiterou a responsabilidade primária do governo sírio de proteger os civis e por fim à violência; solicitou que o auxílio ao país seja humanitário em sua natureza e esteja desassociado de interesses políticos e iniciativas militares; defendeu que a comunidade internacional tem o dever moral coletivo de ajudar as partes a alcançarem a paz; e reiterou que uma maior militarização do conflito irá contribuir para mais violações.
Na última quinta-feira (27/09), o Alto Comissário das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) publicou uma estimativa  de que a Síria terá mais de 700 mil refugiados até o final do ano.

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