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02/02/2012

Situação de presas grávidas exige medidas urgentes do Estado

Maus tratos no sistema carcerário de São Paulo merecem resposta imediata

Maus tratos no sistema carcerário de São Paulo merecem resposta imediata Maus tratos no sistema carcerário de São Paulo merecem resposta imediata

São Paulo – Com experiência de 7 anos trabalhando com o sistema sócio-educativo e com o sistema prisional adulto masculino, e alarmada com os inúmeros casos de tortura, tratamento degradante e humilhante contra mulheres no sistema carcerário nos últimos anos, a ONG de direitos humanos Conectas decidiu em 2012 também dar prioridade a ações que envolvem um universo de 36 mil detentas no Brasil (INFOPEN, Julho 2011), o equivalente a aproximadamente 7% de toda a população carcerária.

Durante encontro na sede da Conectas, na manhã de hoje, o diretor da ONG de direitos humanos, Marcos Fuchs, referiu-se ao vídeo exibido anteontem (31/01) pela TV Record, que mostra Elisângela Pereira da Silva, algemada ao leito pelos pés e pelas mãos num hospital da cidade de Francisco Morato. “Algemar mulheres em trabalho de parto é tortura. O caso mostrado neste vídeo não é o primeiro, nem tampouco é uma exceção. Esta prática cruel, degradante e desumana tem sido recorrente em São Paulo. Entidades parceiras da Conectas, como a Pastoral Carcerária, têm recolhido numerosos testemunhos de mulheres algemadas antes, durante e depois do parto, impedidas de amamentar seus filhos em condições dignas. Nada justifica acorrentar uma pessoa”, disse Fuchs.

O advogado da Pastoral Carcerária, Rodolfo Valente, afirmou: “o sistema prisional brasileiro não está minimamente preparado para lidar com as especificidades da realidade feminina, o que se evidencia pela manifesta ausência de políticas públicas que propiciem acompanhamento minimamente adequado no período de gravidez. A monstruosa prática de algemar mulheres antes, durante e logo após o parto é mais um sintoma grave desse descalabro que é o sistema penitenciário feminino.”

A ONU adotou, em 2010, as Regras Mínimas de Tratamento para as Mulheres Presas segundo as quais não podem ser utilizados meios coercitivos antes, durante e imediatamente após o parto. Segundo o Censo Penitenciário de São Paulo, 86% das mulheres presas no Estado são mães. No entanto, no Estado de São Paulo, os direitos dessas mães são constantemente desrespeitados. Há casos em que a mãe e a criança são separadas de modo repentino e as mulheres sequer podem opinar sobre o destino de seus filhos. Conectas afirma que é urgente o desenvolvimento de políticas que garantam e estimulem o contato entre mãe e filho.

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