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12/12/2011

Pela Autonomia da Defensoria Pública de São Paulo

Conectas adere a manifesto contra projeto de lei que transfere gestão do Fundo de Assistência Judiciária (FAJ) para a Secretaria de Justiça

Conectas adere a manifesto contra projeto de lei que transfere gestão do Fundo de Assistência Judiciária (FAJ) para a Secretaria de Justiça Conectas adere a manifesto contra projeto de lei que transfere gestão do Fundo de Assistência Judiciária (FAJ) para a Secretaria de Justiça

Conectas apoia manifesto e nota pública contrários ao projeto de lei complementar PLC 65/2011 e convida a outras organizações a subscreverem o documento abaixo (para assinar basta encaminhar mensagem para ouvidoria@defensoria.sp.gov.br manifestando sua concordância):

As entidades abaixo assinadas vêm a público manifestar-se veementemente contrárias ao projeto de lei complementar PLC 65/2011, em trâmite na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), que pretende transferir a gestão do Fundo de Assistência Judiciária (FAJ) da Defensoria Pública para a Secretaria de Justiça e Cidadania do Governo de São Paulo.
A proposta, de iniciativa de parlamentar, além de ignorar o modelo público constitucional de assistência jurídica vigente no país, está repleta de outras inconstitucionalidades: trata-se de vício de iniciativa porque a competência de legislar sobre a Defensoria Pública é do governador do estado; e material, por afrontar a autonomia institucional, garantida pela emenda constitucional n° 45, de 2004, e a previsão constitucional de que o Estado deve prestar orientação jurídica por meio da Defensoria Pública, e não pelo Executivo e suas Secretarias.
As entidades subscritas também manifestam alto grau de preocupação com as consequências desta transferência da gestão do Fundo de Assistência Judiciária (FAJ) junto à população carente do estado, destinatária final dos serviços da Defensoria Pública. O FAJ representa hoje cerca de 90% da verba destinada à instituição pelo Executivo Estadual. Na prática, portanto, o modelo proposto pela OAB-SP vai simplesmente inviabilizar a prestação de assistência jurídica gratuita realizada no estado tanto pela Defensoria quanto pelos advogados dativos.
A Constituição Federal do Brasil, há 23 anos, estabeleceu como dever do Estado garantir a defesa jurídica daqueles que não podem arcar com as custas de um advogado particular. Nos termos da Carta Magna, em seu artigo 5°, LXXIV: “O Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos”. E para efetivar esta prestação de serviço jurisdicional o artigo 134 da Constituição instituiu a Defensoria Pública. No entanto, contrariando a própria história da entidade, a atual diretoria da seção São Paulo da Ordem dos Advogados do Brasil persiste em caminhar no sentido oposto, colocando interesses corporativos à frente do modelo público de assistência jurídica vigente no país.
No estado de São Paulo, a Defensoria Pública foi criada em 2006, após 18 anos do comando constitucional e após movimentação popular que envolveu mais de 400 entidades da sociedade civil organizada. Como a assistência jurídica gratuita é um dever público, nos locais onde ainda não há instalações da Defensoria, o Estado, por meio desta, paga advogados inscritos na OAB-SP para atuarem na defesa da população carente. Estes profissionais, que não prestaram concurso público, são remunerados a cada processo ou a cada audiência, por meio de receitas públicas advindas do Fundo de Assistência Judiciária (FAJ), sem qualquer procedimento licitatório por força de lei, cuja constitucionalidade é questionada pela Procuradoria Geral da República e Defensoria Pública junto ao STF (ADIN 4163).
Este modelo, verificado nesta proporção apenas no estado de São Paulo, constitui um paliativo, claramente inconstitucional, em transição, e altamente oneroso aos cofres públicos, ao bolso do cidadão contribuinte. Para que isso fique mais claro, imaginemos, por exemplo, se o número insuficiente de juízes e promotores no estado de São Paulo recebesse a mesma tratativa. Para suprir tal lacuna, o Executivo contrataria bacharéis em Direito, sem concurso público, para atuarem como magistrados ou promotores de justiça. Isso seria plausível? Como a resposta é não, por que para a instituição Defensoria Pública isso pode ser feito?
Enquanto o estado não conta com o número ideal de defensores públicos para prestação de assistência jurídica gratuita, permanece a necessidade de contratação de advogados dativos. E como pelo ordenamento jurídico vigente cabe à Defensoria gerir o fundo do qual advém verbas para o pagamento de advogados conveniados, à instituição não resta outra alternativa senão zelar pela boa gestão do erário e honrar os deveres estipulados no convênio firmado com a Ordem dos Advogados.
Mas inconformada justamente com esta gestão do convênio realizado pela Defensoria e após ameaçar a interrupção dos serviços prestados pelos advogados dativos, as lideranças da advocacia paulista aprovaram no Colégio de Presidentes de Subseções, em outubro, proposta para esta transferência da gestão do convênio de Assistência Judicial. Em seguida, foi apresentado o projeto de lei 65/2011 na Assembléia Legislativa do Estado com o mesmo objetivo.
Em resposta a uma nota divulgada pela OAB-SP, a administração da Defensoria Pública explica os porquês do não pagamento de pequena parcela de certidões aos advogados dativos. Durante processo de análise, “verificou-se que uma parte das certidões apresentava inconsistências e irregularidades, porque preenchidas sem todas as informações necessárias. Houve casos de pedidos de pagamento por situações não previstas nos termos do convênio. Havia também casos de certidões apresentadas em duplicidade”, diz a nota assinada no final de outubro.
Apesar da patente inconstitucionalidade deste projeto de lei, o deputado e advogado Jorge Caruso (PMDB) deu parecer favorável à iniciativa, causando grande perplexidade junto aos defensores públicos.
As entidades abaixo subscritas aguardam agora da Casa Legislativa paulista a manutenção do histórico compromisso com os princípios e regras constitucionais vigentes no país, votando pelo imediato arquivamento do PLC 65/2011.
Assinam esta nota pública:
ABCAB -Associação Beneficiente Comunitária Amigos do Boqueirão
Ação dos Cristãos para a Abolição da Tortura
Ação dos Cristãos para Abolição da Tortura – ACAT-Brasil
AFDDFP – Associação Franciscana de Defesa de Direitos e Formação Popular
Aliança de Controle do Tabagismo
ANAPAR – Associação Nacional dos Grupos de Pacientes Reumaticos
APAE – Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Presidente Prudente
APPA – Associação Prudentina de Prevenção à Aids
Associação Amigos do Memorial da Classe Operária – UGT
Associação ao Fissurado Lábio Palatal de Presidente Prudente e Região – ASIPP
Associaçao Beneficente Educativa Infanto-juvenil (ABEIJU)
Associação Bethel – Projeto Mão Amiga
Associação Brasileira de Defesa da Mulher da Infância e da Juventude
Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais e Travestis (ABLGT)
Associação Casa da Cidade
Associação Cultural dos Afro-Descendentes da Baixada Santista (AFROSAN)
Associação da Pastoral da Moradia da Diocese de São Miguel Paulista
Associação de Arte Artesenato e Cultura
Associação de Atenção ao Idoso Vila da Fraternidade Ana Jacinta
Associação de Conselheiros Tutelares do Estado de São Paulo
Associação de Mulheres Amigas de Jová Rural
Associação de Pais e Amigos do Autista do Vale dos Sinos – AMA / VS
Associação de Peregrinação do Rosário
Associação de Amigos do Jardim América – Araçatuba-SP
Associação Desportiva dos Paraplégicos de Sorocaba
Associação dos Aposentados e Pensionistas de Sorocaba e Região (APENSO)
Associação dos Especialistas em Políticas Públicas do Estado de São Paulo (AEPPSP)
Associação dos Inscritos no Programa Habitacional do Município de São José dos Campos – SP
Associação dos Moradores do Jardim Comercial e Adjacências – Capão Redondo – SP
Associação Fala Negão/Fala Mulher
Associação Filantrópica de Proteção aos Cegos
Associação Franciscana de Defesa de Direitos e Formação Popular (AFDDFP)
Associação Gota DÁgua 
Associação Juízes para a Democracia (AJD)
Associação Mais Diferenças
Associação Nacional dos Defensores Públicos (ANADEP)
Associação Nacional dos Defensores Públicos Federais (ANADEF)
Associação Paulista de Defensores Públicos (APADEP)
Associação Projeto Gerações
Associação Prudente Recuperando Vidas Nossa Senhora do Carmo – APREV
Associação Prudentina de Prevenção à Aids – Assistente Social- APPA  
Assopra – Associação Otimização Pró Autista
Cáritas Paroqual São Domingos Sávio e São Brás
Católicas pelo Direito de Decidir
Centro Acadêmico 22 de Agosto/ PUC-SP
Centro da Cidadania da Mulher de Perus
Centro de Cidadania, Defesa dos Direitos Humanos e Desenvolvimento Social “Dorothy Stang”
Centro de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente – CEDECA Sapopemba
Centro de Defesa dos Direitos Humanos de Campinas
Centro de Direitos Humanos de Sapopemba – CDHS “Pablo Gonzales Olalla”
Centro Gaspar Garcia de Direitos Humanos
Centro Santo Dias de Direitos Humanos da Arquidiocese de São Paulo
Coletivo Contra a Tortura ( CCT
Comissão Pastoral da Terra/MS
Comitê de Luta Contra o Neoliberalismo SP
Conectas Direitos Humanos
Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana
Conselho Regional de Psicologia de São Paulo – 6ª região
Conselho Regional de Serviço Social de São Paulo- 9ª Região
Conselho Tutelar de Pimentas 
Conselho Tutelar do Distrito de José Bonifácio
Conselho Tutelar da Região Sul do Municpio de Osasco
Defensoria Pública da União em São Paulo
Drogaria Brotas
EAACONE – Equipe de Articulação e Assessoria às Comunidades Negras do Vale do Ribeira
Entidade Filantrópica Projeto Esperança São Pedro Apóstolo
Entre Nós – Assessoria, Estudo e Pesquisa em Gênero e Raça (ABC Paulista)
Escola Aurora Vargem Grande Paulista
Escola de Governo de São Paulo
Escritório Modelo  “ Dom Paulo Evaristo Arns” da Faculdade de Direito da PUC/SP
Faculdade de Ciências Farmacêuticas da UNESP
Federação dos Metalurgicos do Estado de São Paul – CUT
Fé-minina – Movimento de Mulheres de Santo André
FLAMAS – Fórum da Luta Antimanicomial de Sorocaba
Fórum Municipal de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente da Cidade de São Paulo
Frederico de Almeida – Coordenador da Graduação em Direito da FVG-SP
Frente Popular das Favelas de Carapicuíba
Fundação Mirim – Presidente Prudente
Fundo de Assistência Judiciária aos cargos da Dehensoria Pública de São Paulo
GRUPAR-RP – Grupo de Pacientes Reumáticos de Ribeirão Preto e Região
GRUPASP – Grupo de Pacientes Artríticos de São Paulo
Grupo de Estudos Mulher e Gênero Margarida Alves
Hannud e Velloza Advogados
IBCCRIM – Instituto Brasileiro de Ciências Criminais
Identidade – Grupo de  Luta Pela Diversidade Sexual/ Campinas-SP
Instituto Baresi
Instituto Brasileiro de Direito Urbanístico
Instituto Cisne
Instituto Daniel Comboni
Instituto de Cidadania Raízes
Instituto de Defesa do Direito de Defesa – IDDD
Instituto Eides – Escola Interativa de Desenvolvimento Social
Instituto Luiz Gama
Instituto Pólis
Instituto Práxis de Direitos Humanos – IPDH
Instituto Pro Bono
Instituto Projetos Terapêuticos
Instituto Sou da Paz
Instituto Terra, Trabalho e Cidadania – ITCC
Irmãs de Jesus Bom PAstor – Pastorinhas – Comunidade de Eldorado
JA – Associação dos moradores do Jd America IV e Adjacentes – Marilia/SP
Jockey Instituiçao Promocional – Sao Vicente – SP
Jornal Arma da Critíca
Liga Brasileira de Lésbicas
LSR – Liberdade Socialismo e Revolução (PSOL)
Marcha Mundial das Mulheres
MOAB – Movimento dos Ameaçados por Barragem – Vale do Ribeira
Movimento de Lutas nos Bairros, Vilas e Favelas – MLB – Brasil
Movimento de Mulheres de Santo André
Movimento dos Focolares
Movimento em Defesa da Vida do Grande ABC
Movimento em Defesa dos Pequenos Agricultores (MDPA)
Movimento Mães de Maio
Movimento Nacional da População de Rua – MNPR
Movimento Nacional de Direitos Humanos – Regional São Paulo
Movimento Preserva Taubaté
Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo
Núcleo de Estudos do Direito Alternativo- NEDA
Núcleo de Práticas Jurídicas Escritório Modelo “Dom Paulo Evaristo Arns” – PUC/SP
Núcleo São Paulo da ABRAPSO (Associação Brasileira de Psicologia Social)
OSCIP Boracéia Viva
Ouvidoria-Geral da Defensoria Pública do Estado de São Paulo
Ouvidoria-Geral da Defensoria Pública do Estado do Acre
Ouvidoria-Geral da Defensoria Pública do Estado do Ceará
Pastoral Carcerária do Estado de São Paulo – CNBB Sul I
Pastoral Carcerária Nacional – CNBB
PLENU Instituto Plena Cidadania – Sorocaba
Procon Municipal de Barra Bonita
Procuradoria do Município de Taubaté
Projeto Aconchego – Secretaria de assistência social e cidadania município de Carapicuíba
Projeto Crer-Ser Cidade Ademar 
Promotoras Legais Populares de São Bernardo do Campo
Promotoras Legais Populares de São Caetano do Sul
Promotoras Legais Populares de Sorocaba
Rede Contra o Tráfico de Pessoas “Um Grito pela Vida” Regional CRB/SP
RNP+Sol
Sindicato dos Metalúrgicos do ABC
SINTRAJUD – Sindicato dos Trabalhadores no Judiciário Federal no Estado de São Paulo
Sociedade Comunitária Ecológica Cultural da Zona LesteSP
SOF – Sempreviva Organização Feminista
SOS Peace – Movimento para o Resgate da Paz, do Meio Ambiente e do Amor pela Vida
UNAS -União de Núcleos Associações e Sociedades de Moradores de Heliópolis
Uneafro Brasil – União de Núcleos de Educação Popular para Negros e Classe Trabalhadora
União dos Movimentos de Moradia de São Paulo – UMM-SP
Lista atualizada de assinaturas disponível aqui.

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