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22/06/2022

Na ONU, Comissão Arns e Conectas denunciam falta de compromisso do Brasil em investigações sobre Dom e Bruno

Organizações apontaram lentidão nas buscas e falta de aprofundamento nas investigações sobre possíveis mandantes do crime

Entidades solicitaram que o governo brasileiro aprofunde as investigações sobre os assassinatos (Foto: Divulgação) Entidades solicitaram que o governo brasileiro aprofunde as investigações sobre os assassinatos (Foto: Divulgação)

As organizações Conectas Direitos Humanos e Comissão Arns denunciaram, na manhã desta quarta-feira (22), em Genebra (Suíça), a demora nas investigações sobre o desaparecimento e as mortes do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips. A fala foi feita durante a 50ª Sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU.

“Os assassinatos de Bruno e Dom demonstram os crescentes riscos enfrentados por aqueles que se atrevem a defender o meio ambiente no Brasil e as comunidades indígenas, que enfrentam um revés histórico sob o governo do presidente Jair Bolsonaro”, destacaram as organizações no discurso.

As entidades solicitaram que o governo brasileiro aprofunde as investigações sobre os assassinatos, especialmente sobre os que possam ter ordenado o crime. O coletivo também pede que a comunidade internacional acompanhe a investigação e exija justiça do governo brasileiro; e destacou a necessidade urgente de proteção às comunidades indígenas do vale do Javari, bem como do fortalecimento dos mecanismos de proteção ao meio ambiente e aos que o defendem.

Para a coordenadora do programa de Defesa dos Direitos Socioambientais da Conectas, Julia Neiva, o assassinato da dupla evidencia o grave cenário de insegurança em que se encontram defensores, jornalistas e lideranças indígenas no Brasil. “Embora assassinatos e ameaças a defensores ocorram há muitos anos no Brasil, o contexto de hoje é ainda mais grave. O atual governo incita o armamento da população e a violência contra povos indígenas e ativistas, além de ter deliberadamente desmontado as instituições públicas de proteção aos direitos humanos e ao meio ambiente, como a FUNAI, o IBAMA e o Ministério do Meio Ambiente”, destaca. 

“A morte de jornalistas e ativistas como Dom Phillips e Bruno Pereira é um crime bárbaro que exige apuração. Trata-se também de um crime contra os povos indígenas e contra a floresta e de uma tentativa de intimidação contra todos que ousam defender os direitos indígenas e o meio ambiente. Por isso os responsáveis não podem ficar impunes”, declara Oscar Vilhena, advogado e membro fundador da Comissão Arns.

Resposta do governo brasileiro 

A diplomacia brasileira, que participava da reunião no conselho, afirmou que o governo brasileiro está ciente das repercussões dos fatos mencionados pela Conectas e vem fazendo todos os esforços possíveis para garantir acesso à justiça para as famílias das vítimas e responsabilizar os envolvidos no desaparecimento e morte do jornalista Dom Philips e do indigenista Bruno Pereira. O Itamaraty também afirmou que o Brasil reconhece e valoriza o papel dos defensores dos direitos humanos.

Assista ao pronunciamento completo: 

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