Voltar
-
06/11/2012

Dilma tem nova chance para reverter voto do Brasil sobre Irã na ONU

Presidente terá chance de honrar compromisso feito antes de tomar posse e apoiar resolução na Assembleia Geral, condenando regime que tem o maior número de execuções per capita no mundo



Depois de se abster, no final de 2011, na última votação que condenou o Irã por graves e massivas violações de direitos humanos, o Brasil terá amanhã mais uma chance de rever sua posição.
A presidente Dilma Rousseff poderá honrar o compromisso anunciado antes de tomar posse, votando a favor de uma resolução multilateral que condene o regime iraniano, responsável por 140 execuções entre janeiro e julho de 2012, o que mantém o país no topo da lista dos que mais executam presos no mundo. Em 2010, já eleita, Dilma havia dito em entrevista ao jornal Washington Post que não concordava com a abstenção do Brasil na mesma resolução.

 No domingo, 25 de novembro, o jornal brasileiro O Estado de S. Paulo publicou artigo de opinião a respeito do voto brasileiro sobre o Irã na Assembleia Geral, assinado por Camila Asano, coordenadora de Política Externa da Conectas, e por Hadi Ghaemi, diretor executivo da Campanha Internacional para os Direitos Humanos no Irã.

Além das execuções – cometidas sem que os casos sigam o devido processo legal -, o Irã é também o país que tem o maior número de jornalistas presos no mundo. Além disso, as sentenças excessivamente longas e desumanas, incluindo flagelação, amputação de membros e apedrejamento são comuns no país, bem como a perseguição a minorias religiosas.
Conectas enviou no dia 31 de outubro, em conjunto com a Campanha Internacional para os Direitos Humanos no Irã (ICHRI , na sigla em inglês) um total de 32 cartas a todos os países do Grulac (Grupo de Países Latino-Americanos e do Caribe) e Ibas (Índia, Brasil e África do Sul). O documento solicita o apoio dos países à adoção de uma resolução sobre a situação dos direitos humanos no Irã na 67ª sessão da Assembleia Geral (AG) da ONU, que teve início no dia 18 de setembro em Nova Iorque (EUA). (Leia as cartas que foram enviadas ao Chile e ao Brasil).
Dentre os países que receberam a carta está o Brasil, que não apresenta um histórico positivo de votos em resoluções sobre Irã na AG. Desde 2001, com exceção de 2003, o país vem se abstendo diante de resoluções sobre o Irã. “Essa política irresponsável de abstenções brasileiras tem que mudar, pois não leva em consideração a situação no terreno no Irã”, disse Camila Asano, coordenadora de Política Externa da Conectas.
“A aprovação de uma resolução sobre Irã nessa sessão da AG é urgente dado o agravamento contínuo da crise de direitos humanos que o país vem enfrentando. Além disso, por meio de resoluções na AG a comunidade internacional tem a oportunidade de expressar a necessidade de o Irã cooperar imediatamente com os mecanismos da ONU, algo que, infelizmente, não vem ocorrendo”, disse Camila Asano.

Informe-se

Receba por e-mail as atualizações da Conectas