Voltar
-
16/04/2018

Com 70 mortes, assassinatos no campo atingem maior número desde 2003

O massacre de Pau d'Arco foi um dos citados no relatório da CPT. Ao todo, dez camponeses morreram na chacina. (Foto: Mácio Ferreira/Ag. Pará) O massacre de Pau d'Arco foi um dos citados no relatório da CPT. Ao todo, dez camponeses morreram na chacina. (Foto: Mácio Ferreira/Ag. Pará)

No ano de 2017, os conflitos no campo vitimaram 70 trabalhadores rurais, indígenas e quilombolas no Brasil. Os dados, divulgados hoje pela Comissão Pastoral da Terra, mostram que este é o maior número de assassinatos registrados desde 2003, quando houve 73 mortes. Segundo a CPT, a maior parte dos crimes ocorreu no Pará, onde 21 pessoas perderam a vida.

A Comissão chama a atenção para quatro massacres nos estados da Bahia, Mato Grosso, Pará e Rondônia que, juntos, somam 28 mortes. Há também a suspeita de assassinato de pelo menos dez índios flecheiros, que vivem isolados no Vale do Vale do Javari, no Amazonas. Uma das maiores chacinas aconteceu em Pau D’Arco, no Pará, onde dez pessoas foram mortas no maior massacre desde Eldorado dos Carajás, há mais de vinte anos.

>> Veja o levantamento completo

“O levantamento da CPT mostra como é importante que sejam mantidos os programas de proteção a defensoras e defensores de direitos humanos e ambientais. Vale dizer que há uma subnotificação desses casos, uma vez que eles ocorrem em zonas remotas e muitas vezes nem chegam ao conhecimento do público”, explica Jefferson Nascimento, assessor do programa de Desenvolvimento e Direitos Socioambientais da Conectas.

Há 33 anos a CPT registra os dados de conflitos no campo e, durante este período, 1.904 pessoas foram assassinadas em 1.438 conflitos. A impunidade é marcante: somente 8% dos casos foram julgados, sendo apenas 31 mandantes e 94 executores dos assassinatos foram condenados. “É importante que os assassinatos sejam efetivamente investigados, com os responsáveis pelos crimes julgados e condenados, para que o quadro de impunidade não seja mais uma arma a reforçar a violência”, complementa Jefferson.

Informe-se

Receba por e-mail as atualizações da Conectas