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26/09/2023

CNJ aprova regra para garantir paridade de gênero em Tribunais de Justiça

Medida quer corrigir baixo número de mulheres em cargos de desembargadoras nas Cortes de segunda instância



Por maioria, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aprovou, nesta terça-feira (26), um ato normativo para a implementação de um sistema de alternância de gênero no preenchimento de vagas em tribunais de segunda instância da Justiça brasileira.

Pela proposta aprovada, os tribunais terão que abrir editais alternando a criação de listas mistas e exclusivas até que seja atingida a paridade entre homens e mulheres.
Na semana passada, a conselheira Salise Sanchotene, relatora do julgamento, disse em seu voto que “não se trata apenas da promoção de juízes, mas sim de garantir a democracia.”

Também na semana anterior, Gabriel Sampaio, diretor de incidência e litígio da Conectas, fez sustentação oral no processo e defendeu a medida. Ele afirmou que não podemos naturalizar esta desigualdade estrutural que alija mulheres dos espaços de poder. “Precisamos radicalmente assumir o compromisso de enfrentamento das desigualdades sociais em nosso país, que passa pelas questões de gênero e raça”.

Para a advogada Raissa Belintani, coordenadora do programa de Fortalecimento do Espaço Democrático da Conectas, é evidente que a não promoção de mulheres na carreira da magistratura não tem relação com a capacidade técnica, mas sim com a desigualdade de gênero estrutural que afeta as instituições brasileiras. “Toda medida que visa corrigir esta desigualdade histórica e trazer representatividade para as instituições é bem-vinda e contribui para o fortalecimento da democracia.”

Desigualdade de gênero na magistratura

De acordo com dados da plataforma JUSTA, entre as pessoas que ocupam cargos de juízes, a maioria é do gênero masculino (60% homens; 40% mulheres). E a desigualdade é ainda maior na progressão da carreira para os cargos de desembargadores (77% homens; 23% mulheres). Ou seja, quanto mais alta a Corte, menor a representatividade de gênero.

Assista a sustentação oral da Conectas no processo:

 

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