Voltar
-
27/10/2014

Um mês e nada

México falha em dar respostas sobre desaparecimento de estudantes



Nem a descoberta de pelo menos 10 valas clandestinas, nem a prisão de 54 policiais, tampouco a renúncia do governador Ángel Aguirre, da província mexicana de Guerrero, ou a expedição de um mandato de prisão contra o prefeito foragido de Iguala, José Luis Abarcas: nada parece preencher a falta de respostas sobre os ataques ocorridos em 26 de setembro contra estudantes da escola de Ayotzinapa, tradicional centro de formação de líderes comunitários e professores rurais. Na emboscada feita por policiais do município e civis mascarados, seis jovens foram assassinados. Outros 43 permanecem desaparecidos.
Um mês depois, o caso mobilizou organizações locais que receberam apoio de entidades como a ONU e a OEA. Emílio Icaza, secretário executivo da CIDH (Comissão Interamericana de Direitos Humanos), afirmou que o incidente é “gravíssimo” e fará com que seja reavaliada “a eficácia das políticas públicas do Estado mexicano”.

Segundo Icaza, cerca de 30% das denúncias de violações de direitos humanos feitas à CIDH em 2014 vieram do México. No início de outubro, a Comissão expediu medida cautelar cobrando ações concretas para encontrar os desaparecidos e proteger os sobreviventes.

Outra moção de repúdio partiu do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos. O porta-voz Ravina Shamdasani lamentou o fracasso na busca pelos estudantes e cobrou que as valas clandestinas encontradas até o momento sejam alvo de investigações efetivas, rápidas e imparciais. Segundo dados do Registro Nacional de Pessoas Extraviadas ou Desaparecidas, mais de 22,3 mil pessoas desapareceram no México entre 2011 e 2014.

Solidariedade

As demandas da CIDH e da ONU coincidem com a lista de cinco exigências apresentadas ao Estado mexicano pelo Centro de Direitos Humanos da Montanha – Tlachinollan:

1. Que todos os desaparecidos sejam apresentados vivos e imediatamente. Para isso, investigações devem ser rápidas e feitas de acordo com os mais altos padrões internacionais, com a colaboração de todas as instâncias competentes.

2. A identificação de mais de 20 corpos encontrados recentemente em valas clandestinas.

3. Identificação e punição de culpados sem que o crime seja atribuído convenientemente ao crime organizado, mas que a participação de policiais seja investigada e punida.

4. Informação sobre as buscas aos familiares dos desaparecidos, como também a devida proteção e respeito.

5. Apoio e solidariedade ao modelo educativo das escolas rurais e aos estudantes que se organizam a partir delas.

A ação já conta com o apoio de mais de 100 entidades de direitos humanos de todo mundo, entre elas a Conectas. Leia aqui o documento na íntegra.

Assista a audiência da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, em 30/10, que discutiu o desaparecimento dos estudantes mexicanos:

 

 

Informe-se

Receba por e-mail as atualizações da Conectas