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09/05/2019

Estudo inédito traça perfil do doador de alta renda no Brasil

Pesquisa realizada pela Conectas e Fundação Getúlio Vargas examina filantropia e cultura de doação a causas de direitos humanos



O Centro de Estudos em Administração Pública e Governo, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), e a Conectas realizaram um estudo inédito para analisar o perfil do potencial doador de alta renda no Brasil. A pesquisa contou com o apoio do Fundo BIS do Gife (Grupo de Institutos Fundações e Empresas). O relatório “Pesquisa Comportamental sobre Dadores de Alta Renda”, ou PCDAR, foi elaborado para tentar entender as motivações que levam pessoas a serem solidárias a causas de direitos humanos.

De acordo com as organizações responsáveis pela pesquisa, este público ainda é pouco mobilizado pelas entidades sociais e um melhor engajamento poderia resultar em uma “significativa alternativa para a diversificação das fontes de financiamento”.

“Historicamente, as organizações recorrem a fundações internacionais para financiar suas ações. Hoje, num contexto de ataques ao ativismo e ameaças de controle das ONGs, é preciso diversificar as formas de financiamento ao máximo”, aponta Juana Kweitel, diretora executiva da Conectas.

O estudo classifica potenciais doadores de alta renda como pessoas com rendimentos mensais a partir de R$ 30 mil. Segundo a RAIS (Relação de Informações Sociais), produzido pelo extinto Ministério do Trabalho, em 2016 estas pessoas representavam 0,2% (132 mil) do total da população trabalhando no mercado formal. Já o GN-DIRPF (Grandes Números das Declarações do Imposto de Renda de Pessoa Física), atrelado à Receita Federal, aponta que este número é maior: seria um contingente de 356 mil a 1,1 milhão de pessoas no país.

Ambos os indicadores mostram que esta população é majoritariamente masculina (75%), branca (80%) e mais velhas (75% com 40 a 64 anos). São também pessoas que, em sua maioria, possuem ensino superior completo (86%) ou alguma modalidade de pós-graduação, além de residirem nas regiões Centro-Oeste e Sudeste (86% somando as duas), sobretudo no Estado de São Paulo. São também fortemente católicos e espíritas.

A pesquisa foi respondida por 348 pessoas que correspondem ao perfil deste público. Entre estas, 77% afirmaram já terem realizado doação para organizações e entidade sociais. A maior parte dos 23% que nunca doaram para este tipo de organizações alegam falta de confiança nas entidades.

“Confiança é um aspecto fundamental ao doar, pois não se doa sem confiança. A confiança deve ser construída”, aponta trecho do estudo.

Além do questionário, a equipe de pesquisadores realizou um grupo focal, espécie de encontro com pessoas que atendem ao perfil pré-definido obter respostas qualitativas sobre as questões abordadas no questionário.

Por meio desta técnica se constatou que as principais motivações associadas ao ato de doar são “impactar a realidade social, fazer a diferença na vida das pessoas e buscar satisfação pessoal”. A amostra também identificou uma resistência inicial ao tema direitos humanos, porém, que pode ser superada por meio uma argumentação técnica, racional e baseada em dados.

Veja abaixo uma compilação com os principais dados extraídos da PCDAR.

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